Transporte Alternativo em Municípios: Cooperativismo, Inclusão Social e Eficiência Urbana
Transporte Alternativo em Municípios: Cooperativismo, Inclusão Social e Eficiência Urbana

O transporte alternativo, geralmente operado por vans e micro-ônibus, consolidou-se em muitos municípios brasileiros como uma resposta orgânica às falhas históricas do transporte convencional, especialmente em áreas periféricas e de difícil acesso. Regido pela Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), esse modal preenche os "hiatos" de cobertura deixados pelas grandes empresas, oferecendo aos usuários tempos de viagem e de espera significativamente menores, além de maior conveniência e flexibilidade. A van é vital para a população de bairros mais carentes, onde a extensão urbana e os serviços precários tornam o acesso à cidade um desafio. Portanto, sua regulamentação deve ter caráter integrativo e não meramente repressivo.
O cooperativismo é o principal vetor para a formalização e a consolidação socioeconômica desse segmento de trabalhadores-motoristas. Historicamente ligado a cenários de desemprego e baixa oferta de transporte, o transporte alternativo se torna uma crucial oportunidade de sustento e geração de renda individual. A organização em cooperativas confere aos motoristas maior solidez política e econômica, facilitando a luta pela legalização do serviço. Além disso, a cooperativa oferece vantagens práticas, como economia de escala na compra de combustível, sistemas de manutenção e acesso a programas de capacitação. Esse modelo transforma uma atividade autônoma de subsistência em uma ocupação regulamentada, mitigando a vulnerabilidade dos trabalhadores.
Entretanto, para que as cooperativas sejam parceiras contratuais confiáveis, elas precisam superar desafios internos de gestão e governança. A dificuldade em dispor de ferramentas administrativas e operacionais robustas afeta a credibilidade junto aos órgãos reguladores e impede a consolidação no mercado. Por isso, o fomento público deve ir além da qualificação técnica para motoristas, focando em mentorias de gestão empresarial e transparência contábil, permitindo que as cooperativas forneçam dados confiáveis para a gestão do serviço.
Os principais benefícios para os munícipes são maximizados quando o Poder Público adota a integração tarifária universal. A aceitação do Bilhete Único em vans, ônibus e metrô, como exemplificado com sucesso em Salvador (BA) e no Rio de Janeiro (RJ), valida o serviço complementar e incentiva o uso de diferentes modais com uma única tarifa, eliminando o custo incremental da transferência. A integração operacional, por sua vez, deve ser feita através de um planejamento inteligente que estabelece rotas exclusivas: a van atua como serviço alimentador e capilar em áreas de baixa densidade, e o ônibus concentra-se nos corredores de alta capacidade.
Em 2025, na cidade de Sumaré, foi criada a COOPER SUMARÉ, cooperativa de transporte que tem em seu “DNA” a vontade de seus cooperados em empreender, buscando qualidade de vida para suas famílias, bem como, contribuir de maneira “ímpar” na melhoria das condições da mobilidade urbana do município. A cooperativa vem expandindo e conversando em outros municípios para implementar esse tipo de transporte alternativo, facilitando e muito, a vida os munícipes através desse modal de transporte.
Em síntese, o transporte complementar por vans é indispensável para a inclusão socioespacial. Sua sustentabilidade, segurança e o fomento efetivo de emprego e renda para os cooperados dependem da capacidade dos municípios de planejar o sistema, garantindo rotas complementares, investindo na capacitação gerencial das cooperativas, e, sobretudo, assegurando a fiscalização rigorosa (incluindo inspeção veicular) e a integração tarifária plena. A van, regulamentada e cooperativada, é um elemento de equilíbrio da vida urbana.